Intervenção em Seletividade Alimentar

A terapia de seletividade alimentar é uma intervenção especializada voltada para indivíduos, principalmente crianças, que apresentam uma alimentação extremamente restrita ou evitam certos grupos de alimentos. A seletividade alimentar refere-se à preferência rígida por determinados alimentos e a recusa persistente de outros, o que pode levar a uma dieta nutricionalmente desequilibrada. Crianças com seletividade alimentar podem aceitar apenas alguns tipos de alimentos em termos de textura, cor, sabor ou forma de preparo, o que pode gerar preocupações quanto ao crescimento e desenvolvimento saudáveis.

Essa seletividade pode ser resultado de diversos fatores, como aversões sensoriais, dificuldades motoras orais, experiências negativas com alimentos, ou condições de saúde subjacentes, como Transtorno do Espectro Autista (TEA).

Como Funciona a Terapia de Seletividade Alimentar?

• Avaliação Inicial: O processo começa com uma avaliação detalhada para identificar os fatores que contribuem para a seletividade alimentar. Isso pode incluir a observação das preferências alimentares, a avaliação das habilidades motoras orais, e o histórico médico e comportamental do paciente.

• Plano Terapêutico Individualizado: Com base na avaliação, um plano terapêutico personalizado é elaborado, considerando as necessidades e os objetivos específicos do indivíduo. O plano pode incluir a introdução gradual de novos alimentos, a exposição repetida a alimentos já conhecidos, e técnicas para reduzir a sensibilidade sensorial.

• Envolvimento Familiar: A participação da família é crucial no processo de terapia. Os pais e cuidadores são orientados sobre como criar um ambiente positivo e de suporte durante as refeições, além de aprenderem estratégias para incentivar a aceitação de novos alimentos em casa.

• Sessões de Terapia:

  • Durante as sessões, o terapeuta trabalha com a criança para explorar diferentes alimentos em um ambiente controlado. Técnicas como modelagem, reforço positivo e jogos podem ser usadas para tornar a experiência de experimentação alimentar mais divertida e menos ameaçadora.

  • As terapias devem ser multidisciplinares e consiste em definir quais as especialidades irão auxiliar nesse processo:

    • Fonoaudiologia – adequar funções motoras orais, em alguns casos, dificuldades motoras orais podem contribuir para a seletividade alimentar. A terapia pode incluir exercícios para melhorar a mastigação, a deglutição e outras habilidades necessárias para uma alimentação eficaz.

    • Nutricionista – realizar intervenção semanal para auxiliar em todo processo de aceitação e exploração do alimento com objetivo de ampliar o repertório alimentar, ou seja essa terapia visa aumentar gradualmente a variedade de alimentos aceitos pelo indivíduo, introduzindo novos alimentos de forma sistemática e controlada. Além disso, visa promover uma relação positiva com a comida, ou seja, além de focar na introdução de novos alimentos, a terapia visa estabelecer uma relação saudável e positiva com a comida, evitando que as refeições se tornem momentos de tensão ou conflito.

    • Terapia Ocupacional – atuar no auxílio quanto à questões sensoriais e na realização do treino das atividades de vida diária (AVD´s- treino de utensílios e preparação da refeição);

    • Psicologia – atuar na questão comportamental e emocional quanto à alimentação, minimizando sentimentos como a ansiedade relacionada à alimentação, tornando a alimentação uma experiência mais agradável e menos estressante.

Com a intervenção em seletividade alimentar, podemos observar diversos benefícios, como melhora na nutrição, possibilitando à criança a ter uma dieta mais equilibrada e nutritiva, o que é fundamental para seu crescimento e desenvolvimento. Além disso, observa-se uma maior redução do estresse familiar, pois a terapia pode ajudar a transformar as refeições em momentos mais tranquilos, reduzindo o estresse e a frustração associados à alimentação seletiva. À medida que a criança desenvolve novas habilidades e uma relação mais positiva com a comida, ela se torna mais autônoma e confiante em suas escolhas alimentares.