A Análise Comportamental Aplicada ou Applied Behavior Analysis, cuja sigla é ABA, é uma ciência cujas intervenções derivam dos princípios do comportamento e possui como objetivo aprimorar comportamentos socialmente relevantes. Em outras palavras, ensinar habilidades que façam diferença na vida dos indivíduos que compõe uma sociedade para que os mesmos sejam capazes de acessar itens, atividades e ambientes que promovam o seu bem-estar, se tornem independente e capaz participar de grupos sociais importantes.

O primeiro estudo em ABA é datado de 1949. Portanto, essa área de investigação científica possui mais de 70 anos e vem produzindo tecnologias capazes de promover o ensino de habilidades a diferentes populações. Especificamente para o tratamento do TEA, intervenções eficazes em diminuir déficits comportamentais estão documentados em centenas de estudos revisados por pares publicados nos últimos 50 anos, fato esse que tornou a ABA o padrão de atendimento para o tratamento de indivíduos com diagnóstico de TEA.

Nesse contexto, uma intervenção em ABA não se restringe a um conjunto de intervenções que são aplicadas de forma uniforme a diferentes indivíduos, mas sim, um vasto conjunto de tecnologias que devem ser utilizadas para compor uma intervenção individualizada, com revisões constantes para o estabelecimento e restabelecimento de novas metas e objetivos.

Além disso, a intervenção envolve o ensino que pode ser mais ou menos estruturado, a depender das necessidades do cliente, e com o objetivo de desenvolver as habilidades apontadas na avaliação comportamental a qual delimitará quais comportamentos deverão ser alvo de diminuição (usualmente excessos comportamentais que competem com a aquisição de habilidades importantes) e, ao mesmo, tempo quais comportamentos serão ensinados. Importante lembrar que o estabelecimento de metas comportamentais deve sempre incluir escutar o que é importante para o cliente e/ou os indivíduos mais próximos a ele, o que aumenta a chamada validade social da intervenção.

Diante da singularidade de cada indivíduo, as intervenções disponíveis pela Análise Comportamental Aplicada possibilitam maximizar o potencial de cada cliente, identificando, de maneira eficiente, como ensinar e o que ensinar. Isso porque, conforme exposto, a mudança do comportamento é feita de maneira planejada e individualizada.

As estratégias de intervenção são definidas com base na tecnologia produzida pelas pesquisas, motivo pelo qual todos os resultados são fundamentados cientificamente. Diferentes estudos apontam a eficácia da ABA a diferentes populações, entre as quais se destaca o grande número de estudos com populações com desenvolvimento atípico, principalmente para aqueles com diagnóstico ou características de déficits comportamentais do Transtorno de Espectro Autista (TEA). Ainda assim, cabe lembrar que a eficácia da ABA foi também demonstrada no tratamento dos sintomas de várias condições, incluindo comportamento destrutivo grave, distúrbios alimentares, lesão cerebral, entre outros.

Existem alguns pontos fundamentais que caracterizam uma intervenção em ABA, entre eles:

– A intervenção ABA não deve ser restrita a locais ou formatos específicos, mas deve ser fornecido nos formatos e locais que maximizam os resultados do tratamento para cada cliente.

– Realização prévia de uma avaliação comportamental que descreva níveis específicos de comportamento e forneça informações para o subsequente estabelecimento de metas de tratamento

– Realização de coleta, quantificação e análises de dados diretos do comportamento durante o tratamento e acompanhamento para melhorar e manter o progresso em direção às metas estabelecidas

– A implementação de protocolos de forma consistentes

– Uma análise do comportamento sob a perspectiva de sua função (condições ambientais que mantém o comportamento)

– Treinamento de pais, professores e outros profissionais que sejam importantes na vida do cliente

– Supervisão coerente com o número de horas de intervenção e realizadas de forma constante

Importante destacar que a intervenção em ABA pode abranger diferentes necessidades e, consequentemente, diferente número de horas que compõe a intervenção. Pode ocorrer uma intervenção focada ou pontual, quando o objetivo é desenvolver habilidades e/ou diminuir comportamentos específicos. Essa modalidade usualmente é composta de 10 a 25 horas de terapia semanal, podendo ser superior a isso. Já o chamado tratamento abrangente usualmente varia de 30 a 40 horas semanais de serviço prestados diretamente ao cliente uma vez que tem por objetivo desenvolver habilidades e diminuir comportamentos em diversas áreas, por exemplo, quando um indivíduo tem um diagnóstico precoce e déficits bastante significativos em habilidades de comunicativas, sociais e adaptativas ou quando comportamentos muito severos já estão instalados em indivíduos com idade mais avançada, tal como auto injúria ou agressão.

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